Investigações da Polícia Federal revelaram que a entidade fraudou em R$ 1,3 milhão a Campanha do DesarmamentoAgentes
da Polícia Federal prenderam, na manhã de ontem, em Fortaleza, o
presidente nacional do ´Movimento Internacional Pela Paz e
Não-Violência´ (Movpaz-Brasil), Clóvis Nunes. Ele é apontado em
investigações da PF como envolvido num esquema criminoso de fraudes
contra a Campanha Nacional do Desarmamento, uma ação do Governo Federal.
Clóvis
Nunes foi preso na manhã de ontem durante a ´Operação Vulcano´. Ele
está na sede local da PF, mas poderá ser transferido para a Bahia FOTO:
JULIANA VASQUEZNunes está recolhido numa cela da
Superintendência da Polícia Federal nesta Capital e poderá ser
transferido, ainda hoje, para a PF da Bahia. Sua prisão e de mais seis
pessoas - em três cidades do Interior baiano - ocorreu por conta da
deflagração da ´Operação Vulcano´.
DinheiroInvestigações
sigilosas da PF revelaram uma fraude de aproximadamente R$ 1,3 milhão
com a inserção fraudulenta de dados de armas inexistentes no sistema
´Desarma´ para gerar pagamento de indenização por armas entregues pela
população para destruição.
Além de Clóvis Nunes, também foram
presos um irmão dele, identificado como Carlos Nunes, e outras quatro
pessoas ligadas à organização não-governamental ´Movpaz Brasil´. Os
mandados de prisão temporária foram despachados pela Segunda Vara da
Justiça Federal de Feira de Santana (BA). As seis prisões realizadas
pela PF ocorreram, simultaneamente, ao cumprimento de 12 mandados de
busca e apreensão e cinco de condução coercitiva nas cidades de
Fortaleza (CE), Feira de Santana (a 100Km de Salvador)), Antas (BA) e
Cícero Dantas (BA).
Conforme as investigações, a fraude contra os
cofres do Governo Federal eram feitas da seguinte forma, os envolvidos,
sob a ´fachada´ da ONG presidida por Clóvis Nunes, inseriam no sistema
´Desarma´ dados de supostas armas de fogo entregues voluntariamente pela
população nas sedes da entidade em Fortaleza e na Bahia. Para cada
suposta arma entregue ao ´Movpaz´ era gerado um pedido de indenização,
com valores que variavam de R$ 150,00 a R$ 400,00, de acordo com o tipo e
calibre da arma. No entanto, foi descoberto que, além de inserir dados
no sistema de armas inexistentes, os envolvidos também computavam armas
de fabricação artesanal, que não poderia gerar a indenização, conforme
reza o Programa do Desarmamento.
MilitarEm
Salvador, o delegado federal Val Goulart, que comandou a investigação e
a operação, informou que, além de Clóvis Nunes e de seu irmão, também
figura entre os presos um oficial da Polícia Militar da Bahia,
identificado como coronel PM Martinho, que exerceu o cargo de o
comandante do 1º Batalhão da Corporação, sediado em feira de Santana.
Outros presos seriam voluntários que atuavam no âmbito da ´Casa da Paz´
em Feira de Santana (BA) e em Fortaleza.
Os envolvidos, de acordo
com a PF, teriam cadastrado no Sistema ´Desarma´ pelo menos, 8.800
armas, que geraram as indenizações, somando cerca de R$ 1,3 milhão. No
entanto, destas, quatro mil não existiam e outras 4.400 eram de
fabricação artesanais. Do total, apenas 400 delas estavam regularmente
aptas a serem recolhidas, destruídas e seus proprietários indenizados.
DenúnciaAinda
de acordo com as autoridades ligadas ao caso, as investigações
começaram a ser realizadas após denúncias recebidas pela Divisão
Nacional de Armas do Departamento de Polícia Federal, em Brasília, com
base em documento encaminhado pela Secretaria Nacional de Segurança
Pública (Senasp).
Em Fortaleza, a ONG presidida por Clóvis Nunes
inaugurou, no dia 29 de agosto último, a ´Casa da Paz´, na Rua General
Silva Júnior, bairro de Fátima, onde o esquema funcionava.
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE