Uma operação da Polícia Militar descobriu, na tarde de ontem, um plano de fuga dos detentos da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto (CPPL II), no Complexo Penitenciário de Itaitinga.
Uma informação do Serviço de Inteligência foi repassada ao Comando do Batalhão de Policiamento de Guarda de Presídios e, logo, foi feita uma varredura na unidade prisional. Os presos usavam cossocos e barras de ferro FOTO: RODRIGO CARVALHO
De acordo com informações do Comando do Batalhão de Policiamento de Guarda de Presídios (BPGP), mais de 200 presos daquela unidade iriam escapar na noite de ontem.
Conforme o major PM Marcelo Praciano, comandante do BPGP, uma parede que dá acesso ao pátio da unidade estava sendo gradativamente danificada pelos internos para não levantar suspeitas.
"Os presos foram quebrando o concreto aos poucos, para não fazer barulho. Eles já tinham obtido espaço suficiente para chegar ao pátio interno e alcançar grades, que seriam levantadas no momento da fuga", afirmou o oficial à Reportagem.
A fuga foi impedida após uma informação recebida pelo Serviço de Inteligência da PM, que desencadeou a operação.
Uma vistoria foi feita na unidade penal e vários cossocos e barras de ferro foram encontrados. A Polícia acredita que os instrumentos, que são feitos de forma artesanal, tenham sido usados para danificar a estrutura do prédio de forma silenciosa.
Diante da situação avançada em que o plano foi sustado, a Polícia acredita que a fuga estava sendo planejada há dias. A direção da CPPL II irá investigar quais dos 218 presos que estavam na vivência são responsáveis pela tentativa de fuga. "Todas as responsabilidades serão apuradas", afirmou Praciano.
Mistério
A Secretaria da Justiça investiga também as mortes ocorridas, na madrugada do último sábado, nas dependências da CPPL, também no Complexo Penitenciário de Itaitinga.
Os corpos dos presos identificados como Daniel Costa de Oliveira e Paulo Henrique Ferreira foram encontrados em celas diferentes, mas da mesma forma. Aparentemente, eles teriam sido mortos por meio de estrangulamento e foram amarrados pelo pescoço para simular uma situação de suicídio.
Uma equipe da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) foi enviada ao local e fez os primeiros levantamentos técnicos nos dois xadrezes onde estavam os cadáveres. Em seguida, os corpos foram encaminhados ao necrotério da Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) para os exames de necropsia.
A secretaria da Justiça abriu uma investigação interna e a Polícia Civil um inquérito policial.
Com os dois casos ocorridos na CPPL I, no último sábado, subiu para 26 o número de mortes registradas nas unidades prisionais da Grande Fortaleza somente neste ano. A maioria dos casos ficou caracterizada como assassinato.
O caso mais grave aconteceu na madrugada do dia 11 de março, quando ocorreu uma violenta briga entre duas facções rivais dentro da CPPL I, em Itaitinga.
Na ocasião, uma das gangues provocou um incêndio usando colchões e outros objetos. Sete presos morreram no local. Posteriormente, outros quatro faleceram no IJF-Centro.
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