terça-feira, 12 de março de 2013

Sete mortos e treze feridos: resultado de briga dentro de presídio


Briga entre detentos termina com sete mortos e 13 feridos na CPPL I.


A confusão começou logo após a visita de domingo. Os presos queimaram colchões e 7 foram carbonizados

O confronto entre detentos da Casa de Privação Provisória de Liberdade Agente Luciano Andrade Lima (CPPL I), em Itaitinga, na Grande Fortaleza, terminou com sete presos mortos e 13 feridos por queimaduras. A briga começou quando um interno da ´Rua´ E, do Pavilhão 1, foi agredido por outro da ´Rua´ F. Isso ocorreu por volta de 16 horas de domingo, quando ainda havia visitantes no presídio. Os presos não aceitam que rixas sejam resolvidas em dia de visita.

Quando o dia amanheceu, o clima na CPPL I parecia já estar tranquilizado com a retirada dos feridos e dos corpos dos mortos. A segurança foi reforçada FOTO: ALEX COSTA

Por volta de 23 horas, os presos da ´Rua E´ resolveram ir à forra. Para chegar até lá, os revoltados destruíram os cadeados e grades das ´Ruas´ D, E, G e H.

Os detentos não tiveram dificuldade em romper as barreiras, principalmente as grades que separam as ruas. "Existem muitos ´espirros´ (grades serradas não perceptíveis a olho nu). Por isso, os presos chegaram logo à Rua F", contou Valdemir Barbosa, presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores do Sistema Penitenciário (Sindasp).

Logo que chegaram à ´Rua´ E, os detentos ansiosos por vingança pegaram todos os colchões e atearam fogo. Muitos presos já estavam dormindo e não conseguiram escapar da fúria dos inimigos. Sete tiveram morte imediata. Treze foram levados ao Instituto Doutor José Frota (IJF) com queimaduras.

Mortos

Segundo a Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), oficialmente, a lista dos mortos é a seguinte: Antônio Maurício dos Santos Aguiar, Benedito Freitas Vieira, Jonathan de Oliveira Albuquerque, José Reinaldo de Lima e Paulo Roberto Pinto de Oliveira, além de outros dois que não haviam sido, oficialmente, identificados até o começo da noite de ontem. Dos 13 detentos que foram encaminhados ao hospital, três já receberam alta médica e foram levados de volta para a unidade prisional. Já dos dez que permanecem hospitalizados, nove estão no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) e um na Emergência.

No momento do confronto, quatro agentes penitenciários estavam de plantão, além de cinco policiais militares. Sessenta detentos foram retirados das celas da Rua F por dois agentes e três PMs. "Se eles não tivessem sido retirados rapidamente, teriam morrido asfixiado", ressaltou Valdemir Barbosa.

Na manhã de ontem, vários familiares dos detentos foram à CPPL I, à procura de informações. Muitos terminaram sabendo que o ente querido havia falecido. Os sete corpos das vítimas do incidente foram encaminhados para a Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) da Perícia Forense do Ceará (Pefoce).

Dez pacientes correm risco de morte
Ao todo, 13 feridos na briga entre os detentos da CPPL I deram entrada no Instituto Doutor José Frota (IJF), ontem. De acordo com o cirurgião plástico, Francisco das Chagas Ley, do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do hospital, todos os internados correm risco de morte.

Um dos presos que sofreram queimaduras durante o incidente recebeu alta médica no fim da tarde de ontem. Mesmo com o corpo todo enrolado em gazes, ele retornou para o presídio. Outros dez presos continuam no IJF-Centro FOTO: KLÉBER GONÇALVES

O médico disse que nenhuma substância tóxica provocou, ou, potencializou as queimaduras que os detentos sofreram. As chamas que eles próprios causaram, teriam sido as responsáveis pelas muitas lesões.

Francisco Ley disse, ainda, que todos os presidiários que estão internados tiveram mais de 40 por cento do corpo queimado. "Todos estão na mesma escala de gravidade. Em termos de tratamento estão estáveis, mas todos correm risco de morte".

Segundo o médico, o tratamento que vem sendo usado, chamado de balneoterapia, é baseado em banhos para reidratação da pele e retirada do tecido danificado pelas chamas. "Eles também foram anestesiados para que fossem feitas as limpezas das feridas. Estão sonolentos, por conta do medicamento, mas todos lúcidos".

Francisco Ley afirmou que não há previsão de alta para nenhum deles nos próximos 14 dias. "Diante do estado em que se encontram, podem passar de 14 a 28 dias internados. O quadro inspira muitos cuidados", afirmou o cirurgião.

Retornaram

Três presos que deram entrada no IJF já receberam alta e retornaram à CPPL I. Rodrigo Sales de Almeida, Francisco Arlindo Silva dos Santos e Francisco José Alves foram levados na tarde de ontem de volta ao presídio, após serem medicados.

A ambulância, conduzida por um funcionário da Secretaria de Justiça (Sejus), levou os presos escoltados por PMs.

De acordo com informações do IJF, permanecem no CTQ dez feridos na confusão. São eles, Anderson Pinheiro da Rocha, 23; Wesley Lopes do Nascimento, 19; Estênio Pereira Carneiro, 28; Cássio da Cunha Cavalcante, 35; Ítalo Leite da Silva, 30; Egnaldo Alves Soares, José Fernando de Abreu, Igor de Lima Junior, Francisco Alexandre Félix do Nascimento e Raimundo Nonato Silva de Lima Junior.

Raimundo Nonato Junior era o único que não havia sido identificado até a tarde de ontem. No entanto, quando acordou da anestesia, ele mesmo revelou seus nome aos médicos. Portanto, todos os detentos que estão se recuperando no hospital já foram identificados.

Fonte: Diário do Nordeste

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