Polícia frustra plano para resgatar homicída

A ação criminosa seria posta em prática quando o réu fosse ao Fórum Clóvis Beviláqua prestar depoimento

Márcio Gledson Dias da Silva, o 'Márcio do Gueto', foi preso em julho do ano passado por uma patrulha do BPRaio

Bandidos integrantes da quadrilha de Márcio Gledson Dias da Silva, o 'Márcio do Gueto', acusado de homicídios e tráfico de drogas, na Barra do Ceará, planejaram resgatá-lo das mãos da escolta policial. O plano criminoso seria realizado quando o réu fosse levado para prestar depoimento no Fórum Clóvis Beviláqua. A ação foi frustrada devido à informação ter sido interceptada pelo Serviço de Inteligência da Polícia Militar. De posse da informação sobre o resgate, a ida de 'Márcio do Gueto' ao Fórum foi cancelada pelas autoridades responsáveis pela segurança no local.
A notícia sobre o plano do resgate consta na sentença de pronúncia do réu, que deverá ser julgado nos próximo dias pelo 4º Tribunal do Júri da Comarca de Fortaleza pelo duplo homicídio que vitimou o soldado PM Francisco Evandro Pinto Rodrigues e o amigo do militar Cleiton Ribeiro da Silva. Ele é apontado como o mandante das duas mortes.
Pedido
A ausência do réu no depoimento foi objeto de argumentação da defesa sobre possível nulidade processual. O pedido foi rejeitado pelo Juízo da 4ª Vara do Júri. Consta no documento que, após os depoimentos das testemunhas de defesa e o interrogatório do acusado Leandro Dutra da Cunha, o major PM Sousa Júnior, responsável pela Segurança e Assistência Militar do Fórum Clóvis Beviláqua, comunicou que o acusado Márcio Gledson Dias da Silva não seria apresentado ao Fórum, tendo em vista informações do serviço de inteligência da Polícia Militar do Ceará de que haveria uma tentativa de resgate do réu.
De acordo ainda com a decisão, ao obter a informação no não comparecimento de Márcio, a defesa dele tentou evitar a continuação da audiência. A magistrada que a presidia a sessão negou o pedido de paralisação "por entender que a não apresentação do acusado deveu-se a questões de segurança da coletividade". Após a negativa, conforme os autos, não houve nenhum pronunciamento pela defesa de 'Márcio do Gueto'.
O Juízo da 4ª Vara do Júri decidiu que, "após analisar o que aconteceu na mencionada audiência concluiu-se que o princípio do interesse público se sobrepõe aos demais. Verifica-se, ainda, que a arguição de violação ao princípio de devido processo legal não se sustenta, tanto por se encontrar preclusa (haja vista que da decisão que determinou a continuação da audiência não houve qualquer impugnação pela defesa dos acusados) como, no início da mencionada audiência, a defesa não se incomodou em absoluto que os depoimentos fossem prestados sem a presença do referido réu, só atacando o procedimento posteriormente". O requerimento da defesa foi rejeitado pelo magistrado.
Júri
'Márcio do Gueto' e os comparsas José Flávio Rodrigues Pereira, Maycon Silva do Nascimento, Leandro Dutra da Cunha e Michael Jackson Vieira de Oliveira serão julgados pelo duplo homicídio qualificado (motivo torpe e à traição ou emboscada) e pela tentativa de homicídio de Claudemir Ribeiro dos Santos, o 'Claudio Pit Bull', irmão de Cleiton. Seis meses depois, 'Pit Bull' foi morto no Parque São José.
Ele também é investigado pela Polícia Civil por crimes de tráfico de drogas e outros homicídios na Grande Barra do Ceará.

FONTE: Diário do Nordeste