Antônia Cláudia Marques da Silva, 24, negou ter envolvimento na morte do filho. Depois de participar da acareação com o marido, na sede da Dececa, ela retornou para o Presídio Feminino. A Polícia Civil poderá ouvi-la mais uma vez fotos: Kiko Silva
A Polícia Civil recebeu, na tarde de ontem, o laudo cadavérico do exame de necropsia feito no corpo do garoto Sigel Marques Smit, de 3 anos, que teria supostamente, sido assassinado pelos pais, o holandês Stefan Smit, 37; e a cearense Antônia Cláudia Marques da Silva, 24, crime ocorrido no flat onde o casal morava há cinco meses, no bairro Mucuripe (zona Leste).
O documento, expedido pela Coordenadoria de Medicina Legal (Comel), da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), concluiu que a criança foi morta por asfixia mecânica, o que indica a possibilidade do garoto ter sido estrangulado.
A criança estava morta há dois dias. O pai holandês, que está em situação irregular no Brasil, desde 2009; e a mãe negam ter assassinado o filho.
A delegada Ivana Timbó, titular da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), fez uma acareação entre os suspeitos. O delegado Jairo Pequeno, diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), disse que Cláudia Silva ficou temerosa na presença do companheiro.
O laudo chegou às mãos de Ivana Timbó quando o procedimento de acareação acontecia. "Quando ela (a mãe) tomou ciência que a causa da morte foi asfixia, ficou aliviada porque achava que o filho podia ter morrido em virtude de uma pancada sofrida quando estava em seu colo, dias antes. Ela foi enfática quando disse que entregou a criança viva ao pai, e quando ele devolveu, o menino já não respirava", disse a delegada.
O holandês Stefan Smit, 37, insiste em afirmar que não matou a criança. As autoridades já descobriram que ele está em situação irregular no Brasil desde 2009. O pai deverá responder por crimes de assassinato e ocultação de cadáver.
Quando Antônia Cláudia foi reinquirida sozinha, confessou à Polícia que era mantida trancada em casa, bem como seus filhos. "Ela disse que o companheiro saía, trancava a porta e levava a chave. Foram três anos e meio nesta situação. Ele é uma pessoa alienada, que está desesperada e sem nenhuma noção", afirmou Ivana Timbó.
A mãe da criança morta disse também, que o holandês costumava tapar a boca Singel, quando este chorava, para que os vizinhos não escutassem o barulho. A administração do flat, será ouvida hoje na Dececa, quanto à permissão da permanência do casal com as crianças, sem nenhuma documentação, já que estes, sequer, eram registrados.
"Ainda não sabemos se a asfixia foi provocada. De qualquer forma, o pai contribuiu para a morte do filho", diz Jairo. O delegado afirma que a omissão de socorro e ocultação de cadáver, estão sendo atribuídas aos pais. O filho mais velho do casal, de 5 anos, está internado. Ele sofre de hipotireoidismo congênito e miocardiopatia hipertrófica.
Tios liberam corpo do garoto
O corpo do garoto foi liberado, na tarde de ontem, na Coordenadoria de Medicina Legal (Comel), da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), depois que conselheiros tutelares conseguiram as assinaturas dos pais, mesmo presos, e o registro de nascimento do garoto.
Uma tia do garoto esteve na sede da Pefoce com membros do Conselho Tutelar FOTO: FERNANDO BARBOSA
A conselheira Conceição Moreira, informou que foi à Polícia Federal (PF) e recebeu informações de que as crianças poderiam ter sido registradas mesmo com o pai, o holandês Stefan Smit, 37, estando ilegalmente no Brasil. O menino foi registrado como Sigel Marques Smit.
O outro garoto filho do casal, de 5 anos, também foi registrado. Ele permanece internado no Hospital Infantil Albert Sabin. Ontem, o menino foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devido ao agravamento do seu estado de saúde.
Na manhã de ontem, Gleyce Marques da Silva conseguiu visitar a irmã, Antônia Cláudia Marque da Silva, 24, mãe do garoto, que está recolhida no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa.
Despesas
O sepultamento de Sigel Marques Smit será em Camocim (373Km de Fortaleza), no litoral Oeste do Ceará, onde moram os familiares de Cláudia Marques. Os tios maternos estavam enfrentando dificuldades porque não tinha como pagar as despesas para o embalsamamento e traslado do corpo da criança. "Nem dinheiro para o caixão a gente tem", disse Gleyce Marques, tia da criança.
O conselheiro tutelar Acrísio de Freitas informou que a Secretaria de Direitos Humanos do Município se responsabilizou por arcar com todas as despesas do funeral da criança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário