O número de homicídio doloso (com intenção de matar) cresceu em janeiro deste ano, no interior do Ceará, comparado ao mesmo período de 2012. Enquanto no ano passado foram registrados 161 crimes, em 2013 o número subiu para 190, representando crescimento de 18%. Os dados de fevereiro ainda serão divulgados pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Somente os municípios de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha contabilizaram 21 homicídios em janeiro deste ano. Na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), Caucaia e Maracanaú tiveram destaque, com 19 e 16 crimes, respectivamente.
Fortaleza com situação estável
Em Fortaleza os números permaneceram estáveis. Na capital, foram contabilizados 162 assassinatos em 2013. Os bairros em que mais ocorreram os crimes foram Conjunto Palmeiras, Jardim das Oliveiras e Quintino Cunha, com seis homicídios em cada. Em 2012, aconteceram 166 homicídios, com destaque para a Barra do Ceará que contabilizou oito crimes.
Avaliação
De acordo com o sociólogo do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) Ricardo Moura, não há como identificar uma causa única para as mortes. “É preciso verificar caso a caso para que se possa elaborar um perfil das ocorrências”, explica.
Para ele, os municípios que mais chamam atenção são Russas, Morada Nova e São Gonçalo do Amarante, que tiveram crescimento bastante elevado na comparação com janeiro de 2012. “Há ainda cidades que historicamente costumam aparecer com destaque nessas estatísticas, como Juazeiro do Norte, Maracanaú e Caucaia. Uma tentativa de explicação é a tendência de interiorização dos homicídios que foi detectada nos últimos anos pela pesquisa Mapa da Violência [de nível nacional]. Os dados apresentados levam a crer que esse fenômeno também está ocorrendo no Ceará”, disse.
Para Moura, não há uma relação direta entre desenvolvimento econômico e homicídios, já que as cidades do interior estão crescendo e inchando. “O que pode estar ocorrendo são os efeitos de crescimento urbano desordenado, como vimos nas grandes capitais. Mas é preciso avaliar melhor esses casos, pois os crimes de pistolagem, por exemplo, não se enquadram nessa explicação”, avalia.
Quanto ao aumento do efetivo de policiais no estado no início do ano, o sociólogo ressalta que é necessário esperar “para vermos como isso vai se refletir nos índices de violência, em especial no de assassinatos”.