Incêndio no RS mata mais de 200 pessoas
Conforme testemunhas, o incêndio foi causado pela banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores
Milhares de pessoas saíram às ruas de Santa Maria para prestar solidariedade aos familiares das vítimas do incêndio FOTO: FOLHA PRESS
Porto Alegre O governo do Rio Grande do Sul divulgou, no início da noite de ontem, a lista com os nomes das 231 vítimas do incêndio ocorrido na boate Kiss em Santa Maria, na Região Central do Estado, durante a madrugada do domingo.
Até o fechamento desta edição, a Secretaria Estadual de Segurança Pública divulgou a morte de 231 pessoas (119 homens e 112 mulheres). Outras 106 estão hospitalizadas.
Conforme informações preliminares, o incêndio teria começado por volta das 2h30, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.
Faíscas teriam atingido a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, e iniciado o fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
Estudantes
O fogo provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. A festa "Agromerados" reunia estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, dos cursos de Pedagogia, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia e dois cursos técnicos.
No local, havia apenas uma saída de emergência. Os bombeiros tiveram que abrir um buraco na parede da boate para facilitar o acesso e a retirada das pessoas do local. O fogo foi controlado por volta das 5h30, mas por volta das 7h os bombeiros ainda permaneciam no local fazendo o trabalho de rescaldo. O prédio ficou destruído e corre risco de desabamento, de acordo com os bombeiros.
Ginásio
Os corpos das vítimas foram levados a um dos ginásios do Centro Desportivo Municipal no início da noite de ontem para serem velados.
O velório coletivo foi a única opção encontrada pelas autoridades para lidar com a falta de estrutura da cidade para realizar os velórios individualmente, diante do grande número de mortos.
Um ato ecumênico deverá ser realizado hoje assim que a identificação dos corpos terminar. Muitas vítimas eram estudantes universitários de municípios da região e devem ser enterrados nas respectivas cidades.
Feridos
Jovem que estava na boate na hora do incêndio é atendido e ao mesmo tempo consolado por um socorrista de uma das ambulâncias destinadas para o local onde aconteceu a tragédia que vitimou 231 pessoas, a maioria estudantes universitários foto:Agência Estado
Além dos mortos, o incêndio deixou mais de cem pessoas feridas. Segundo a Defesa Civil, 92 pessoas estão hospitalizadas em Santa Maria e outras 14 - em estado mais grave - foram levadas para Porto Alegre. Outras 11 pessoas ainda devem ser transferidas para a capital gaúcha.
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, disse na manhã de ontem que todo o Brasil está em luto por conta das mortes no incêndio. "Compartilho o luto da cidade, que é o luto do Rio Grande do Sul e de todo o País", disse Genro.
Segundo ele, será feito um "inquérito policial de alto nível" para esclarecer as causas da tragédia. "É um momento duro para todos nós. Temos que ter competência, responsabilidade, trabalhar muito bem para que a gente possa dar uma resposta a altura desse acontecimento", afirmou Genro, que decretou luto de sete dias no Estado.
A presidente Dilma Rousseff cancelou a agenda que cumpriria na manhã de ontem, em Santiago, para retornar ao Brasil e acompanhar de perto a tragédia. "Eu queria dizer o quanto, nesse momento de tristeza, nós estamos juntos. E, necessariamente, iremos superar, mantendo a tristeza. É isso", disse emocionada.
Em meio a uma grande comoção, enfermeiros, médicos e policiais mostram objetos para os familiares na tentativa de identificar os corpos das vítima do incêndio acontecido na madrugada de ontem. Segundo a Polícia Militar, todos os corpos já foram identificados Foto: Folha Press
Desde cedo, Dilma manteve contato com o governador e com o prefeito de Santa Maria, Cézar Schirmer (PMDB). Determinou ainda que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e demais integrantes do primeiro escalão seguissem para Santa Maria, a fim de dar todo tipo de apoio às famílias das vítimas, além de oferecer meios para que os feridos pudessem receber completa assistência.
Na tarde de ontem, após visita ao município gaúcho, Dilma declarou luto oficial de três dias.
FIQUE POR DENTRO
Caso é o segundo com mais mortes no Brasil
O incêndio na boate Kiss foi o segundo incêndio mais mortal e a quinta maior tragédia da história do Brasil. O maior incêndio brasileiro aconteceu no Gran Circo Americano, em 17 de dezembro de 1961, que deixou 503 mortos em Niterói (RJ). A tragédia foi provocada por um trapezista que disparou chamas contra a lona do circo. Outras milhares de pessoas ficaram feridas por queimaduras de segundo e terceiro graus ou pisoteadas na correria após o incidente. A maioria das vítimas foram crianças. O número de vítimas até o momento já é maior que o incêndio no edifício Joelma, em 1974, que deixou 188 mortos e foi o maior incêndio do Estado de São Paulo e agora o terceiro maior do Brasil. A tragédia em Santa Maria foi a quinta maior do Brasil, se considerados também os acidentes aéreos e os desastres naturais.
Milhares de pessoas saíram às ruas de Santa Maria para prestar solidariedade aos familiares das vítimas do incêndio FOTO: FOLHA PRESS
Porto Alegre O governo do Rio Grande do Sul divulgou, no início da noite de ontem, a lista com os nomes das 231 vítimas do incêndio ocorrido na boate Kiss em Santa Maria, na Região Central do Estado, durante a madrugada do domingo.
Até o fechamento desta edição, a Secretaria Estadual de Segurança Pública divulgou a morte de 231 pessoas (119 homens e 112 mulheres). Outras 106 estão hospitalizadas.
Conforme informações preliminares, o incêndio teria começado por volta das 2h30, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.
Faíscas teriam atingido a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, e iniciado o fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
Estudantes
O fogo provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. A festa "Agromerados" reunia estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, dos cursos de Pedagogia, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia e dois cursos técnicos.
No local, havia apenas uma saída de emergência. Os bombeiros tiveram que abrir um buraco na parede da boate para facilitar o acesso e a retirada das pessoas do local. O fogo foi controlado por volta das 5h30, mas por volta das 7h os bombeiros ainda permaneciam no local fazendo o trabalho de rescaldo. O prédio ficou destruído e corre risco de desabamento, de acordo com os bombeiros.
Ginásio
Os corpos das vítimas foram levados a um dos ginásios do Centro Desportivo Municipal no início da noite de ontem para serem velados.
O velório coletivo foi a única opção encontrada pelas autoridades para lidar com a falta de estrutura da cidade para realizar os velórios individualmente, diante do grande número de mortos.
Um ato ecumênico deverá ser realizado hoje assim que a identificação dos corpos terminar. Muitas vítimas eram estudantes universitários de municípios da região e devem ser enterrados nas respectivas cidades.
Feridos
Jovem que estava na boate na hora do incêndio é atendido e ao mesmo tempo consolado por um socorrista de uma das ambulâncias destinadas para o local onde aconteceu a tragédia que vitimou 231 pessoas, a maioria estudantes universitários foto:Agência Estado
Além dos mortos, o incêndio deixou mais de cem pessoas feridas. Segundo a Defesa Civil, 92 pessoas estão hospitalizadas em Santa Maria e outras 14 - em estado mais grave - foram levadas para Porto Alegre. Outras 11 pessoas ainda devem ser transferidas para a capital gaúcha.
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, disse na manhã de ontem que todo o Brasil está em luto por conta das mortes no incêndio. "Compartilho o luto da cidade, que é o luto do Rio Grande do Sul e de todo o País", disse Genro.
Segundo ele, será feito um "inquérito policial de alto nível" para esclarecer as causas da tragédia. "É um momento duro para todos nós. Temos que ter competência, responsabilidade, trabalhar muito bem para que a gente possa dar uma resposta a altura desse acontecimento", afirmou Genro, que decretou luto de sete dias no Estado.
A presidente Dilma Rousseff cancelou a agenda que cumpriria na manhã de ontem, em Santiago, para retornar ao Brasil e acompanhar de perto a tragédia. "Eu queria dizer o quanto, nesse momento de tristeza, nós estamos juntos. E, necessariamente, iremos superar, mantendo a tristeza. É isso", disse emocionada.
Em meio a uma grande comoção, enfermeiros, médicos e policiais mostram objetos para os familiares na tentativa de identificar os corpos das vítima do incêndio acontecido na madrugada de ontem. Segundo a Polícia Militar, todos os corpos já foram identificados Foto: Folha Press
Desde cedo, Dilma manteve contato com o governador e com o prefeito de Santa Maria, Cézar Schirmer (PMDB). Determinou ainda que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e demais integrantes do primeiro escalão seguissem para Santa Maria, a fim de dar todo tipo de apoio às famílias das vítimas, além de oferecer meios para que os feridos pudessem receber completa assistência.
Na tarde de ontem, após visita ao município gaúcho, Dilma declarou luto oficial de três dias.
FIQUE POR DENTRO
Caso é o segundo com mais mortes no Brasil
O incêndio na boate Kiss foi o segundo incêndio mais mortal e a quinta maior tragédia da história do Brasil. O maior incêndio brasileiro aconteceu no Gran Circo Americano, em 17 de dezembro de 1961, que deixou 503 mortos em Niterói (RJ). A tragédia foi provocada por um trapezista que disparou chamas contra a lona do circo. Outras milhares de pessoas ficaram feridas por queimaduras de segundo e terceiro graus ou pisoteadas na correria após o incidente. A maioria das vítimas foram crianças. O número de vítimas até o momento já é maior que o incêndio no edifício Joelma, em 1974, que deixou 188 mortos e foi o maior incêndio do Estado de São Paulo e agora o terceiro maior do Brasil. A tragédia em Santa Maria foi a quinta maior do Brasil, se considerados também os acidentes aéreos e os desastres naturais.
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