Diversas quadrilhas foram capturadas no Ceará em meio à ´onda´ de ataques a banco que se estende pelo País
Quase
duas toneladas de explosivos apreendidas, além de um vasto arsenal que
inclui armas de grosso calibre e grande poder letal, como fuzis e
metralhadoras. Além disso, um número recorde de 117 pessoas presas em
flagrante ou por ordem judicial, todas acusadas de serem integrantes de
quadrilhas envolvidas em delitos contra bancos.
Bandos armados envolvidos nos ataques a bancos acabaram sendo desarticulados FOTO: KID JÚNIOR
Este
é o balanço das autoridades policiais do Ceará no combate aos crimes de
assaltos e furtos a estabelecimentos bancários, neste ano, no Estado.
Em 2011, foram 72 prisões, o que, representa, para 2012, um aumento da
ordem de 62,5 por cento no número de detenções.
Quase toda a
totalidade dos presos foi autuada em flagrante na Delegacia de Roubos e
Furtos (DRF), nesta Capital, depois de cercos policiais no Interior do
Estado e na Grande Fortaleza. Outros nove suspeitos acabaram mortos em
confronto com as forças de Segurança Pública após os roubos a bancos em
cidades interioranas, como aconteceu, em Catarina, na região dos
Inhamuns (398Km de Fortaleza), em fevereiro último.
Quadrilhas
Segundo
o titular da DRF, delegado Romério Moreira de Almeida, mais de dez
grupos criminosos foram desarticulados, neste ano, no Ceará. Se o número
de ataques a bancos quase duplicou em comparação a 2011, o número
crescente de prisões indica que os trabalhos de investigação e de cerco
estão logrando êxito com base na inteligência e no posicionamento
estratégico da Polícia, notadamente, no Interior do Estado.
Almeida ressalta, ainda, que neste ano, foi registrado apenas um ataque a carro-forte, contra quatro casos em 2011.
Um
dos últimos grupos desarticulados pela Polícia foi o responsável pelo
ataque à agência do Banco do Brasil da cidade de Palhano (150Km de
Fortaleza), fato ocorrido no último dia 4.
Era por volta de 16
horas, quando a cidade foi invadida pelos ladrões de banco pela segunda
vez neste ano. O primeiro caso aconteceu no dia 6 de setembro. Em ambas
as ocasiões, os ladrões utilizaram explosivos para dinamitar os caixas.
Depois
de explodir os caixas da agência e atirar contra o prédio do
destacamento da PM, os assaltantes fugiram levando o dinheiro e também
dois militares como reféns.
Mas, ao chegar no lugarejo Cruz, no
distrito de Pitombeiras, já no Município de Cascavel, a quadrilha se
deparou com uma equipe do Comando Tático Rural (Cotar), do Batalhão de
Polícia de Choque (BPChoque).
O saldo do embate entre bandidos e
Polícia foi a morte de quatro assaltantes, além da apreensão de, pelo
menos, oito armas de fogo que haviam sido usadas pelos ladrões no
momento de sitiar Palhano.
Situações semelhantes ao que aconteceu
em Palhano (com explosivos detonados) foram registradas em outras 14
cidades do Interior cearense, Madalena (07/02), Banabuiú (01/03),
Itatira (30/03), Pentecoste (10/04), Apuiarés (18/5), Tamboril (31/05),
Almofala (28/07), Milhã (02/08), General Sampaio (31/08), Ibaretama
(31/10), Umari (02/11), Salitre (06/12) e Miraíma (09/12), além de
Fortaleza (03/09).
Explosivos
A constante
ação dos criminosos com artefatos explosivos gerou uma preocupação não
apenas para a Segurança Pública, mas também para o Exército Brasileiro,
organismo responsável pela fiscalização e controle da venda,
distribuição, utilização e estocagem deste tipo de produto.
Diante
das repetidas ações de explosões de bancos, a Secretaria da Segurança
Pública e Defesa Social (SSPDS) montou uma operação sigilosa com a
Décima Região Militar e o resultado foi apreensão de cerca de 800 quilos
de explosivos que estavam em situações suspeitas ou irregulares. O
trabalho foi alcançado pela atuação conjunta da DRF com a Polícia
Militar e as coordenadorias de Inteligência (Coin) e de Operações
Policiais (Copol), ambas da SSPDS.
Quadrilhas são mescladas
Quadrilhas
interestaduais são as responsáveis pela maioria dos ataques contra
bancos em cidades do Interior cearense. Conforme as investigações da
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, através da sua
Coordenadoria de Inteligência (Coin), bandidos cearenses junto com
comparsas de Estados vizinhos se juntam para praticar os assaltos contra
as agências nas cidades de pequeno porte.
Delegado Romério
Moreira de Almeida, titular da DRF, comanda as investigações em torno
dos ataques a bancos. Ele destaca a apreensão do arsenal dos bandos, que
inclui muitas armas de grosso calibre, como fuzis e metralhadoras FOTO:
ALCIDES FREIRE
Nos municípios localizados próximos da
divisa do Ceará com outros Estados, esses ataques são seguidos de fugas
através de estradas que, na maioria das vezes, levam ao território
vizinho. E foi, por conta disso, que as autoridades do Nordeste
decidiram realizar operações integradas. A iniciativa para esta
estratégica partiu do secretário da Segurança Pública do Ceará, coronel
Francisco José Bezerra Rodrigues. Logo, os demais secretários
nordestinos apoiaram a ideia e esta foi oficializada nas reuniões
ordinárias do Conselho de Segurança do Nordeste.
Estratégias
No
combate aos criminosos, os órgãos de Segurança montaram diversas
estratégicas, entre elas, o aumento nas operações ostensivas nas regiões
de divisa e o trabalho constante de inteligência. Foi assim que vários
bandos interestaduais acabaram sendo descobertos ainda antes de
praticarem os assaltos planejados.
Além dos ataques com a
utilização de armas e explosivos, outros grupos criminosos têm se
aproveitado da ausência de vigilância física nas agências. Dezenas de
agências bancárias no Ceará, a exemplo do que ocorreu em todos os
Estados brasileiros, não contam com vigilantes no período noturno ou nos
fins de semana. São prédios que contam apenas com vigilância
eletrônica, isto é, alarmes, sensores e câmeras.
Este aparato
tecnológico, no entanto, vem sendo posto à prova e já mostrou sua
fragilidade. Grupos criminosos especializados no arrombamento de caixas
eletrônicos conseguem facilmente burlar os dispositivos de segurança e
invadem os bancos.
São ladrões conhecidos como ´caixeiros´, que,
ao invés de armas de fogo, utilizam instrumentos específicos para
realizar a abertura de caixas. Os equipamentos eletrônicos são violados
com o uso de maçaricos ou mesmo danificados com picaretas, alavancas ou
outros mecanismos mais rústicos.
Prisão
E
foi com base no trabalho de inteligência que a equipe da DRF prendeu um
bandido de outro estado que teria vindo para o Ceará especificamente
para violar caixas. Tratava-se do rondoniense Osiel da Silva Ferreira,
capturado em maio último.
Vigilante explodiu caixas eletrônicos
A
explosão dos caixas eletrônicos de uma agência do Bradesco, em
Fortaleza, fato ocorrido na noite de 3 de setembro último, levou a
Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) a desarticular o bando responsável
pelo ataque. A surpresa veio quando a equipe de inspetores daquela
especializada acabou por descobrir que um dos envolvidos no delito era
um vigilante.
O vigilante Glayson Torres Silva, 23, confessou na Polícia ter comandado o ataque no Bradesco FOTO: DIVULGAÇÃO
Apesar
de não trabalhar na agência ´alvo´ do ataque, Glayson Torres Silva, 23,
foi o responsável, segundo a Polícia, por obter armas e o explosivo
utilizados no crime. Capturado dois dias depois do crime, ele acabou
apontando seu comparsa, Henrique Yuri Gomes do Amaral, 24.
Ao
prestar depoimento na DRF, o vigilante contou ter ido diversas vezes na
agência do Bradesco, no bairro Parangaba, fazer levantamentos sobre o
prédio, a movimentação e o melhor horário para o crime. Posteriormente, a
Polícia Civil identificou outros dois integrantes da quadrilha
investigada, que seriam Antônio Braz Coelho Neto e ´Gustavo Baixinho´.
"Pescaria"
Em
maio último, noutra investigação, foi capturada uma mulher identificada
como Wiliane de Azevedo Vasconcelos, 27, que teria vindo do Rio Grande
do Norte para Fortaleza praticar um novo golpe em caixas eletrônicos,
conhecido como ´pescaria´, onde os ladrões violam o mecanismo dos caixas
24 horas.
FONTE: Diário do Nordeste
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